quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Na costa do Príncipe

Comunidade pesqueira de Lapa
    Partindo de São Joaquim e descendo o caminho até ao mar (sempre com cuidado para não escorregar na lama!) chegar-se-á eventualmente a um rio que é preciso atravessar usando um enorme tronco caído. Continuando para sul através do caminho antigo, sempre com o mar do lado direito, não tardará a surgir uma pequena comunidade chamada Lapa. As pessoas, como sempre, são extremamente simpáticas e prestáveis por isso ficar simplesmente por lá a falar é uma escolha perfeitamente boa, mas se quiserem continuar, então aconselho a tirarem as botas (caso não venham de chinelos) e atravessarem o rio para continuarem até a Ana Correia.
    O caminho depois de Lapa fica ainda pior porque foi todo pisado por vacas por isso não se admirem se ficarem enterrados em lama quase até ao joelho... e se forem como eu e usarem sandálias, será uma boa altura para as tirarem e andarem descalços porque se não a lama vai chupá-las e terão que continuar descalços de qualquer maneira... Ok, já chega de lama, a paisagem é fantástica, aproveitem! E se tiverem tempo e equipamento, dêem um mergulho e explorem as grutas. Foi assim que vi uma senhora lagosta.

    Montei acampamento na foz de um rio onde almoçei enquanto esperava que as botas e as calças secassem. A paisagem fora de água era fantástica, e dentro de água também não era nada má, embora fosse difícil ver o fundo graças à diferença de salinidade entre a água do rio e a do mar. Recordando as aulas de biologia marinha, a água salgada (mais densa) assenta no fundo e a água doce (menos densa) está por cima, e a transição entre as duas cria uma espécie de "barreira" que distorce a luz e faz com que tudo pareça desfocado. Nunca me tinha acontecido e foi bem fixe ver a barreira a dissipar-se subitamente quando mergulhava.

    Saltando este rio (e os outros que se seguem - já lhes perdi a conta) chegar-se-á a Maria Correia, uma zona que tem apenas uma ou duas casas mas que é muitíssimo bonita por causa do rio que lá passa e das cascatas que esconde nas "traseiras" - peçam com jeitinho a alguém que vos leve até elas.

  Recomendo vivamente a passar por esta zona lá para o final da tarde (apesar da mosquitada implacável) porque esta face da ilha está virada para oeste por isso o sol vai pintar toda a paisagem com umas cores verdadeiramente incríveis. 

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