sábado, 14 de julho de 2012

Trepando até às rolas

 Estamos numa parte do projecto onde é necessário usar animais vivos para fazer experiências relacionadas com a capacidade de dispersão de sementes; uma frase tão curta e com tantos problemas...

 Tudo começou com a construção de uma zona de cativeiro com vegetação para manter confortavelmente vários animais ao mesmo tempo. Esta parte sozinha demorou três dias e o trabalho conjunto de muitas mãos e cabeças.

 Agora que já temos a casa, faltam só os inquilinos! Andámos por aí a espalhar a notícia de que queríamos pombos vivos e felizes e inteiros e que pagávamos por cada um por isso a resposta inicial foi extremamente positiva; todos garantiam que iam já a correr apanhá-los, montes de armadilhas, tudo mobilizado, e que amanhã teríamos já todos os bichos que alguma vez pudéssemos precisar. No dia seguinte eles já nem se lembravam de terem falado connosco e como isto se repetiu outra e outra vez, terminando num exemplo perfeito de gabarolice geral, tivemos que mudar de estratégia uma e outra vez e tomar nós a iniciativa de ir apanhar os bichos.

 A técnica mais usual é simples de perceber: retira-se visco (no fim do tratamento parece  uma pastilha elástica gigante) de uma jaqueira ou (melhor ainda) de uma fruteira, passa-se azeite para não secar e para esconder o cheiro, enrola-se isso nos ramos onde os bichos são mais prováveis de pisar, e espera-se pacientemente para os ver cair.

 Hoje acordámos às 3h45 com a missão de ir apanhar rolas para os lados de Java e acho que a fotografia do lado ilustra muitíssimo bem o perigo absurdo que é "remar" visco nas árvores onde as rolas se alimentam. Chamam-lhe Zé Caçarias e ele subiu aquela árvore sem cordas nem ramos nem nada de nada; atirou-se simplesmente ao tronco com unhas e dentes e começou a trepar pacientemente perante o meu olhar incrédulo... tentei comportar-me profissionalmente mas quando ele já estava a uns bons vinte ou trinta metros do chão tinha mesmo que fotografar!

 No final esperámos que nos fartámos enquanto as camusselas, os tordos, os jêgues e os tcholós (tudo passarada) desfilavam à nossa frente mas talvez por causa da chuva molha-parvos e do vento frio de gravana, as rolas não caíram.

 Vamos lá a ver o que nos esperam os próximos dias...

1 comentários:

  1. Era giro se tivesses filmado! Tens a GoPro para quê?? Punhas na cabeça do homem e tudo =P

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