terça-feira, 22 de maio de 2012

Sobrevivendo às estradas de São Tomé

 Conduzir nas estradas de São Tomé é uma experiência tão única e especial que acho que devia ser divulgada como desporto radical. Como quem anuncia bungee jumping, e avisa de antemão que o elástico está um pouco velho. Passo a explicar:

Buracos
 Apesar da melhoria incrível na qualidade das estradas que se está a ver hoje em dia, ainda existem uns autênticos troços lunares espalhados por aí, principalmente nas estradas que entram a fundo na ilha. Os buracos são tantos e tão grandes e estão dispostos de tal forma engenhosa que parece que alguém planeou a sua localização de forma a maximizar o número de carros afectados. Claro que o processo de formação de buracos pode só por si explicar porque é que eles estão dispostos desta forma.
 Sempre que se forma um buraco grande, os carros vão evitá-lo por isso vão todos passar a pisar a mesma parte da estrada - o que cria um novo buraco. Evitar um buraco apenas cria outro buraco maior até que se chega ao ponto em que a estrada está tão destruída que temos que medir rapidamente a olho o buraco menos fundo e ir por lá!

Falta de marcação na estrada
 Não existem linhas pintadas a meio da estrada para separar as faixas por isso não é raro acontecer um fenómeno que parece saído de um filme de acção! Estou muito bem a acelerar numa recta toda esburacada e lá ao fundo vem um carro igualmente lunático. Os buracos de ambos os lados forçam-me a ir para o meio (se não destruo-o o carro todo) e acontece o mesmo ao outro carro que vem em sentido contrário! Frente a frente! Lindo, vamos morrer! Até que ou eu ou ele ganhamos algum juízo (ou medo) e fugimos cada um para a nossa faixa imaginária. Isto normalmente é feito com tal mestria que os carros passam a centímetros uns dos outros.

Animais na estrada
 Porcos, cães, galinhas e cabras podem atravessar a estrada de repente e sem qualquer aviso só "para ver se 'tavas atento" e claro que as pessoas não são muito diferentes. O pior são os bichos indecisos que mudam subitamente de opinião porque afinal lembraram-se que querem voltar para o outro lado da estrada. São esses que pregam os maiores cagaços.

Luzes desligadas
 Não é raro encontrar aquilo a que eu chamo motas fantasma, ou seja, motas que vêm a descer com as luzes desligadas (para poupar bateria) e com o motor desligado (para poupar gasolina). Como podem imaginar, são um perigo do caraças porque não fazem barulho nenhum e à noite, sem candeeiros nem nada do género, são verdadeiramente invisíveis. Falo das motas mas carros zarolhos ou sem nenhum farol também vão aparecendo por aí. Giro giro é quando é de noite e eles estão estacionados e só têm um farol por isso parece que são uma mota mas quando se vai a ver é um carro e só uma guinada mais ágil é que nos salva a pele!

Cinto de segurança
 Qual cinto de segurança? Pois é, eu usava no início, todo responsável e tal, mas a verdade é que ninguém usa, a polícia não quer saber e ao fim de um bocado esquece-mo-nos que é para o nosso próprio bem. O facto de que o cinto do banco ao lado do condutor ter saído cá para fora com uma facilidade assustadora também não me trás muita confiança. Claro que não usar cinto faz com que a condução seja bastante mais orgânica, não estamos presos ao banco, fazer as curvas numa estrada esburacada é como guinar num cavalo.

Prioridade
 Esta acho que é realmente interessante e posso falar com confiança porque já lhe dediquei bastante tempo. A prioridade num cruzamento poderá ser obtida usando uma equação semelhante à que se segue. Prioridade negativa indica que será o outro veículo que seguirá primeiro.

P = x - 2(volume*) + velocidade*
* do veículo com quem eu poderei vir a bater se avançar.
 O x é um grande mistério.
 Se ele vem pela direita ou não é pouco relevante.





1 comentários:

  1. lolol.. gosto da fórmula que inventaste... é um colocar a vida em risco em todos os momentos!
    Eu já só te digo uma coisa: tenta chegar vivo a Portugal sff! =P

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