A maioria das vezes que um biólogo retira amostras, fá-lo à custa do ser vivo que está a estudar. "Não tem mal" dizemos nós, "o conhecimento beneficiará a conservação da espécie..." ou ainda, "o conhecimento beneficiará o ser humano." Mas quem se lixa é certamente o bicho que ficou sem um bocado da cauda, da barbatana, sem um dedo, ou pior, sem a vida.
Há uns meses atrás acompanhei uma pequena equipa de investigadores numa saída de campo. O seu método de recolha de amostras envolvia contratar um ou vários caçadores, providenciá-los com cartuchos de espingarda e depois segui-los de perto pela floresta enquanto esperavam que eles caçassem macacos (espécie invasora na ilha). Claro que a experiência foi tão aterradora como enriquecedora.
Aterradora porque para alguém como eu que sente nos ossos o sofrimento animal, ver um macaquito a levar com uma chumbada nas costas, cair de uma altura de dez metros em cima das pedras mais pontiagudas que a mãe-Terra tem para oferecer - e sobreviver, só para depois levar com uma pedrada na cabeça e ainda assim tentar arrastar-se para longe dali foi algo verdadeiramente destrutivo tanto física como emocionalmente...
Enriquecedora porque me deixou a pensar bastante na injustiça revoltante que é ser-se um bicho invasor. Sim! Ninguém faria isto a macacos endémicos de certeza, mas aqui... nem as mães com os bebés eram poupadas.
Um aviso sincero para todos os animais ditos invasores que acompanham este blog:
Se nasceste fora da tua terra natal oh pah... foge, mas foge para longe porque os biólogos vão arranjar maneira de te lixar a vida!
E tanto sofrimento para quê? Vi uma familia inteira de macacos a atirar-se de um penhasco só para fugir aos caçadores... e para quê? A justificação que permitia os investigadores dormirem à noite era que tudo aquilo servia para compreender melhor o comportamento do vírus da SIDA e assim talvez, algum dia, com bastante sorte, poderia apontar na direcção de uma cura. O irónico é que eles próprios diziam que a melhor forma de combater o virus já se conhecia e era fazendo sensibilização junto das comunidades mais pobres e facultar preservativos gratuitos. Barato, simples e fácil. Mas dar coisas grátis nunca rendeu milhões a ninguém, por isso os macacos têm que sofrer.
Estou aqui a escrever isto e sinto-me tão hipócrita como eles se devem ter sentido porque afinal de contas tenho aqui um sapinho que apanhei para os investigadores norte-americanos usarem nos seus estudos. Só espero que os americanos não exijam tanto dele como os outros exigiram dos macacos...
Há uns meses atrás acompanhei uma pequena equipa de investigadores numa saída de campo. O seu método de recolha de amostras envolvia contratar um ou vários caçadores, providenciá-los com cartuchos de espingarda e depois segui-los de perto pela floresta enquanto esperavam que eles caçassem macacos (espécie invasora na ilha). Claro que a experiência foi tão aterradora como enriquecedora.
Aterradora porque para alguém como eu que sente nos ossos o sofrimento animal, ver um macaquito a levar com uma chumbada nas costas, cair de uma altura de dez metros em cima das pedras mais pontiagudas que a mãe-Terra tem para oferecer - e sobreviver, só para depois levar com uma pedrada na cabeça e ainda assim tentar arrastar-se para longe dali foi algo verdadeiramente destrutivo tanto física como emocionalmente...
Enriquecedora porque me deixou a pensar bastante na injustiça revoltante que é ser-se um bicho invasor. Sim! Ninguém faria isto a macacos endémicos de certeza, mas aqui... nem as mães com os bebés eram poupadas.
Um aviso sincero para todos os animais ditos invasores que acompanham este blog:
Se nasceste fora da tua terra natal oh pah... foge, mas foge para longe porque os biólogos vão arranjar maneira de te lixar a vida!
E tanto sofrimento para quê? Vi uma familia inteira de macacos a atirar-se de um penhasco só para fugir aos caçadores... e para quê? A justificação que permitia os investigadores dormirem à noite era que tudo aquilo servia para compreender melhor o comportamento do vírus da SIDA e assim talvez, algum dia, com bastante sorte, poderia apontar na direcção de uma cura. O irónico é que eles próprios diziam que a melhor forma de combater o virus já se conhecia e era fazendo sensibilização junto das comunidades mais pobres e facultar preservativos gratuitos. Barato, simples e fácil. Mas dar coisas grátis nunca rendeu milhões a ninguém, por isso os macacos têm que sofrer.
Estou aqui a escrever isto e sinto-me tão hipócrita como eles se devem ter sentido porque afinal de contas tenho aqui um sapinho que apanhei para os investigadores norte-americanos usarem nos seus estudos. Só espero que os americanos não exijam tanto dele como os outros exigiram dos macacos...
Adoro o meu método, disparo fotografias contra os meus bichos e tá a andar! É verdade que ando de barco atrás deles e uns lá batem a caudal, mas é só por um bocadinho =P
ResponderEliminarAcho que se fosse biólogo sentiria o mesmo! ao muita ética animal na fac?abraço!
ResponderEliminar